sábado, 28 de novembro de 2015

O Escritor Fantasma ( uma recontextualização )




Um Polanski. Não se pode dizer que seus filmes sejam engajados, no significado estrito do termo. Talvez libertário - em sua verve libertina -, aliás, um traço pessoal do autor. Entretanto, sua dimensão anarquista, e política, resulta dessa transgressão moral que incomoda àqueles que se preocupam excessivamente com os costumes.

O argumento do filme baseia-se na dissecação do perfil daquele que é o instrumento de um grande embuste político, controlado por um esquema baseado nos interesses do senhores da guerra e seus fantoches, no comando das grandes potências. O príncipe da fábula no entanto, é uma mulher - e sua carga sensual e trágica. O rumo da história e os desdobramentos dessa rede ganham contornos dramáticos, que têm como pano de fundo as relações internacionais, notadamente a política de alinhamento Estados Unidos-Inglaterra.

Essa trama que se situa entre a comicidade e o niilismo, tem como atores, um primeiro ministro, sua manipuladora esposa e um escritor fantasma, que se envolvem em um jogo psicológico, porém como todo filme de Polanski, há um elo entre os três personagens - a inescrupulosidade.

A fotografia calca-se em um matiz neutro e pouca profundidade. Os planos revelam uma paisagem estéril e inóspita, contra uma luz invernal que invade a tela, como que pulverizando a cena - como um efeito teatral -, em enquadramentos muito precisos. Além disso, o cenário e as remotas locações escolhidas, traduzem uma atmosfera absurda e fantástica.

Um Polanski. Talvez, o tema da relação Estados Unidos-Inglaterra e suas guerras púnicas, é que seja a novidade.

Por A.H.Garcia

Nenhum comentário: