domingo, 21 de abril de 2013

Bravura Indômita

Bravura Indômita : foto



Filme dos irmãos Cohen. Uma exceção entretanto, entre seus filmes, que primam pelo non sense, normalmente em oposição ao moralismo suburbano e os valores dominantes de uma sociedade de massa, que presa sobretudo as aparências .... em suma, desconstroem os ícones e os símbolos de uma sociedade que se cultua como conceito de mundo.

Este filme especificamente foge dessa perspectiva crítica. Não, que não seja crítico. A abordagem épica não prejudica a estética radical dos seus filmes -, os elementos incomuns que são levantados como recursos de linguagem. Assim é, com o próprio argumento - uma garota de 14 anos, que se propõe a penetrar no universo dos homens rústicos, símbolo do oeste americano que sublima, ou recalca, a realidade histórica da formação da civilização americana - é de se notar, que no território indígena em que se passa parte do filme não há um índio sequer; aliás há apenas um, que negocia cadáveres em troca de pequenas coisas da civilização dos brancos.

Entretanto, eles conseguiram fazer um filme de farwest notável, peculiar na sua composição dos personagens - anti-heróis da saga da conquista do oeste.

Uma garota de quatorze anos, cujo pai foi assasinado; um velho delegado, registrado como caçador de recompensas ( ex-soldado sulista ) e um incauto cawboy vindo do norte, que copia Buffalo Bill em seus trajes, e é talvez o personagem mais risível e parecido com aqueles que normalmente povoam os filmes dos irmãos Cohen. A garota, não me recordo o nome, os outros dois, Jeff Bridges e Matt Dammon.

Foi melhor farwest que vi em muitos anos. Os planos utilizados na filmagem lembram os filmes de John Ford - grandes pradarias e montanhas se misturam a florestas que me remetem à transição dantesca dos círculos do inferno ... onde alguns tipos da epopéia americana são revisitados. Uma odisséia pelo  imáginário dos desbravadores das fronteiras americanas e seus fantasmas. Não há remissão possível, além da morte.

Por A.H.Garcia