quinta-feira, 27 de maio de 2010

Homem de Ferro 2

A verossimilhança subjacente no enredo do " Homem de Ferro 2 ", não tem outra função senão aquela de reafirmar a eugenia superior do protótipo americano. Podemos assistir a um complexo de imagens denotam o extremo poder de uma doutrina sobre a belicosidade e seu jogo de cena. A beleza devora a arte.


Estereótipos antiquados - remontando aos tempos da guerra fria -, conflituados heróis em contraponto às figuras bizarras que vicejam sob o desmazelado mundo pós-comunista, representado pelos párias sociais. Um clichê anacrônico, entretanto desconstruído para reeditar uma velha idéia.

Contudo, não há como negar que a produção resgata o glamour das películas hollywoodianas, com personagens icônicos sustentados por atores que, embora um tanto engastados, conservam ainda um élan inquestionável, como Robert Downey Jr e Gwyneth Paltrow, além da coadjuvante de luxo, Scarlet Johansson.

Mickey Rourke, após uma atuação visceral em " O Lutador ", voltou aos papéis caricatos, desprovidos de qualquer peso específico na história. Certamentre, um desperdício para um ator essencialmente existencial e atuações marcantes e contundentes.

Enfim, Tony Stark foi e ainda é um "autêntico" herói ... com uma nova roupagem, contemporânea, global ... entretanto lhe foi acrescentado, ou, talvez, acentuado, um novo atributo, o narcisismo. De fato, este traço tornou mais verdadeira e nem por isso menos densa, sua persona.

O " Homem de Ferro 2 " conseguiu ser melhor do que o primeiro, com um roteiro redondo e planos e efeitos ainda mais espetaculares. Todavia, seu tom excessivamente cínico reflete um certo reacionarismo à transição para uma nova ordem mundial.

Por A.H.Garcia