domingo, 28 de setembro de 2014

O RITUAL




O Ritual causou-me impressão, tal o seu viés positivo. Pudera, depois vi que fora baseado em um caso real.

Entretanto, creio que tal característica não advém da história que ele reproduz, mas da sua objetividade. É muito interessante ver isto em um filme, visto não ser esse um atributo comum na linguagem deste veículo. Talvez porque, seu tema seja aquele que mais move a humanidade desde o nascimento de cristo ... até mesmo, antes de cristo. E navega no nosso subconsciente desde a nossa criação, a criação da civilização ocidental, à frente de qualquer outra premissa filosófica ou escola metafísica, ombreando-se epistomologicamente à noção de ciência.

De fato, a dualidade bem e mal surge com a religião e seus ritos. Estamos falando aqui da religião ocidental - a própria. Nenhuma outra contém seus alicerces ontológicos ... Nenhuma outra lhe é original - na significação como consubstanciação metafísica, nem na deificação humana, e, consequentemente, dos seus conflitos.

E Roma, portanto, não poderia deixar de ser o palco dessa narrativa. Tampouco, seu argumento não poderia deixar de ser o exorcismo, como suprema representação do bem e do mal, como luta onipresente, paralelamente desde o início dos tempos.

Interessa no filme, o conflito entre Deus e o Diabo, que está na essência da religião como a entendemos, e a solução encontrada na dialética que é o seu motor, verbalizada pelo então cético  e conflituado padre, em sua catarse, de que " ... se o Diabo existe, Deus existe ...",  é a redução mais positiva que já ouvi sobre o tema.

De resto, a atriz brasileira Alice Braga tem mais uma atuação consistente, juntamente com Anthony Hopkins e um ator, que faz o protagonista da história, o qual não sei o nome no momento, compõem um trio afinado, que dá correto o tom de ambuiguidade e gravidade ao tema. Sem contar, a participação especial de Rutger Hauer.

Por A.H.Garcia