quarta-feira, 1 de junho de 2016

DECAMERON de BOCCÁCIO



A Peste Negra que dizimava a Europa trazia consigo um sentimento de impotência. Alguns grupos em Florença - onde se passam os eventos - preferiam se entregar a uma atitude autodestrutiva; outros, preferiam se isolar, vivendo em templos esvaziados. Dissolução e ascetismo pareciam ser as únicas formas de resistência. Destruição x manutenção de valores em uma "terra arrasada", suas novelas retratam situações cotidianas com uma temática de subversão daqueles princípios da Idade Média.

O humanismo dos seus paradoxos morais destilam novas formas de relação, uma delas a decadência da noção de nobreza como um privilégio legitimado, entre outras formas, por razões de origem clericais ou de casta.

Qualquer semelhança com o radicalismo preconceituoso que hoje assola o nosso país, ou a a hipocrisia de quem um dia foi pobre e comprou o seu pedigree, ou a noção de que o dinheiro é a medida de tudo... ou de que status corresponde à sua conta bancária ... e, finalmente de que a corrupção é um privilégio que só os poderosos podem exercer... Ah!, e ainda, de que há um novo clero no "nosso reino", que se alimenta da pestilência dos nossos dias... é mera coincidência.

Penso com meus botões - como diria o Príncipe Galeotto -, em como será o porvir dessa "novela", terra arrasada ou um novo humanismo, livre dos grilhões da nossa velha elite (a Casa Grande) e seus colonizados, em grande parte incrivelmente egressos do que era a antiga senzala - um festim.
  
Senhores, a sorte está lançada, estão aí os Cunha, os Temer, os Jucá, os novos cardeais e abades da vez, que desfrutam da sua sorte ... e uma casta de seguidores, que se contentam em serem seus sucessores neste reino absurdo, da avareza, da subtração, da violência, da conspiração, da pusilaminidade...

É este o nosso destino, padecer ainda sob os auspícios desta "peste branca". 

Por A.H.Garcia