quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Bastardos Inglórios

Melhor filme de Tarantino. Ele é um dos poucos cineastas hoje em dia reconhecido por uma Direção Autoral. É claro que se falar de Produção, Direção, Roteiro, Montagem em um processo industrial como o que é atualmente a produção de filmes, não é a mesma coisa de décadas atrás, onde a mão do realizador interferia em todo o processo de criação do filme. Entretanto, isto posto, o gênio de Tarantino sobressaí-se ... seja pela sua extravagância, virulência, banalização etc, seja pelo seu estilo personalíssimo, calcado em vasta e variada iconografia, no qual pontua sua veia Expressionista no tratamento estético que dá aos filmes.

Dito isto, é que consideramos ser este o seu melhor filme.

A narrativa é dividida em partes que se entrelaçam intrínsecamente formando um todo orgânico ... É incrível que mesmo um texto que lida com o absurdo, o onírico e o farsesco, possua atributos de um realismo impressionante. Aí, entra a marca do diretor: sua virulência e contundência parecem ter ganhado novos contornos – se tornaram tão instintivas quanto inteligentes –, a elas somaram-se o perfeito enquadramento dos atores, diálogos cortantes, rápidos e pontuados por um non sense absoluto, e o argumento explorando a grandiloquente e caricata retórica nazista, de tal forma que poderiam ser comparados a uma sinfonia Wagneriana.

A direção de arte e cênica também excelentes. Cenários e planos abertos em proporções precisas.

A utilização, em grande parte, de atores locais, deu mais densidade dramática aos acontecimentos do filme. Brad Pitt deu um show como o rastejante e infame caçador de cabeças nazistas, compondo-o com a cara do Poderoso Chefão e sagacidade do homem sulista dos Estados Unidos.

O final catártico mereceu palmas. Pelo menos da platéia em que me encontrava.

Por Antonio Henrique Garcia

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Tá chovendo Hamburguer

Desenho Animado com um argumento sui generis. Pequeno inventor munido de todo aquele arsenal da moral puritano-messiânica americana, cujo indivíduo é o principal ator de uma sociedade e cujo destino é sempre vencer. Só que essa conta não fecha.

A narrativa se vista como uma crítica aos hábitos alimentares daquela sociedade e, de resto, de todo o mundo, é interessante pela abordagem escatológica de que se utiliza, com uma metáfora do que acontece com o planeta – entretanto, com uma elaboração temática extremamente dirigida, generalista e polarizada, do centro para periferia – sibilando aos nossos encantados ouvidos a categoria central do hemisfério norte.

A velha parábola dos nossos co-irmãos lá de cima, do indivíduo que quer provar seu valor -, leia-se sua tese -, e não mede as conseqüências para conseguir fazê-lo, e depois reconhece seu erro, consertando-o em seguida, é um velho clichê que na prática já causou muitos problemas em quase todas as latitudes mundiais.

A ingenuidade é um meio super-fluido que se insinua de forma simplista e simpática aos olhos, entretanto o que parece uma decupação pelos erros, consiste em isolá-los em seu aspecto mais superficial – e lúdico – e reafirmá-los linguisticamente, utilizando-se de uma simples inversão mecânica e maniqueísta, na retórica da história. Fomos e voltamos, e afinal ficamos no mesmo ponto, e as mesmas aspirações ...

Minha filha gostou muito do filme ... eu também...

Por Antonio Henrique Garcia