terça-feira, 15 de novembro de 2011

Nunca vi um título tão apropriado: A PELE QUE HABITO

La Piel que HabitoOutro filme de Almodóvar, que expõe a nu o desejo - el desejo, sua produtora - como elemento transgressor da moral civilizatória. Remeto-me aqui contudo, deixando de lado as redundâncias sobre sua obra, à sua subversão ... me lembro que usei a expressão - para uma amiga, um casal com quem assisti ao filme - visceral. Mas toda obra dele é um tratado sobre a visceralidade ... embora o filme também seja sobre vísceras literalmente - e o que lhe recobre, a pele.

Voltando à minha subversão. Aparentemente, o argumento do filme é sobre a loucura de um homem que se utiliza todos os seus conhecimentos racionais para copiar um indivíduo, no caso sua infiel esposa. O elemento impactante de que Almodóvar se utiliza no filme, é que o modelo e a cópia são indivíduos de sexos diferentes, isto é, há uma mudança de sexo.

Todavia, o aspecto subversor neste filme está em que Almodóvar deixa entrever a questão moral que se superpõe ... A interrogação: há limites até para o prazer - o limite da patologia, tão bem situado institucionalmente por Foucault.

Pareceu-me ao final, que havia algo de "moralista" no desenlace do filme, algo que pune a pretensão do médico vivido por Banderas de transformar a sexualidade - talvez a utilização que hoje se faz do sexo, da sua banalização.

Imperdível, esse novo Almodóvar, acompanhado novamente por Banderas - que parece ser sua criatura - e a indefectível Marisa Paredes, ícone de sua obra.

Por A.H.Garcia